Reportagem| Antônio Carlos
Após um ano de pandemia profissionais de Educação Física ainda debatem através dos Conselhos Regionais que representam a categoria a essencialidade e a retomada das atividades do setor. A reportagem procurou conversar com o delegado regional do CREF, Ademir Testa Júnior . Testa é Pós-doutorando na área da Educação Física pela EACH/USP/SP e Doutor em Ciências do Movimento Humano e Mestre em Educação.
A reportagem também levou em consideração as publicações, sobre o tema, feitas desde o mês de março de 2020 através do site do Conselho Regional de Educação Física do Estado de São Paulo.
Testa falou sobre o trabalho feito pelo órgão que representa os profissionais de Educação Física junto ao governo federal, estadual e prefeituras e sobre os documentos encaminhados no esforço de reconhecer a prática como essencial o que levaria indiscutivelmente ao reconhecimento da necessidade do acompanhamento feito pelos profissionais de educação física.
“A essencialidade da prática de exercício não deve ser vista apenas como uma questão mercadológica. Antes dessa a ideia mercadológica tem a ideia da essencialidade, do movimento humano como algo essencial ao próprio organismo”
Embora tenha ressaltado a luta para o reconhecimento da essencialidade da prática da atividade física, o site da instituição trouxe apenas no início de janeiro uma preocupação em relação ao assunto, mas segundo Testa o assunto é tema de discussões desde o início do segundo semestre de 2020.
Em janeiro de 2021 um documento pediu para que os profissionais de Educação Física fossem incluídos na primeira fase de vacinação contra covid-19. O grupo era composto por profissionais de Saúde que atuam na linha de frente no atendimento de pacientes com covid-19.

De acordo com o site, o pedido foi atendido e no dia 19 de janeiro os profissionais já estavam autorizados a se vacinarem.
Testa cita ainda orientações da própria Organização Mundial De Saúde OMS além de estudos científicos suficientes que, segundo ele, podem ajudar a entender que a prática de exercício está relacionada a diversos aspectos que nós estamos vivendo em relação a pandemia e relacionadas a própria saúde física, mental e social.
“Não é o trabalho do profissional de Educação Física que se torna essencial, mas sim a prática de exercícios, e a prática de exercício não vai ser ofertada se não existir o trabalho do profissional de Educação Física devidamente graduado em instituição de ensino superior e também registrado no Conselho Regional de Educação Física”
De acordo com um estudo realizado pela Fiocruz, o percentual de jovens que não fazem 60 minutos de atividade física em nenhum dia da semana aumentou de 20,9 antes da pandemia para 43,4%. Os pesquisadores chamam a atenção para esta mudança, uma vez que jovens costumam praticar esportes, aulas de dança e outras atividades.
Ainda segundo Testa, prática de atividades físicas não impede a contaminação pelo vírus mas a pessoas que tem maior nível de atividades físicas teria, segundo ele, menores chances de desenvolver uma infecção aguda grave da doença e podem apresentar uma recuperação mais rápida tendo menores chances de chegar à óbito.
“É um erro, as pessoas acham que o exercício físico previne a covid-19, o que existe além de prevenção são vacinas, que estão ainda em teste”, diz.
O organismo é autopoético, autopoiético, isso significa que ele consegue se reorganizar, manter a vida, ele não está estruturado para ficar parado e essa organização não aceita bem a restrição do movimento humano nem psicológico, completa.
“O exercício físico é essencial, assim como se alimentar, assim como respirar”.
Para Testa, a retomada das atividades dentro das academias deve ser pensada de maneira a não se tornar um ambiente de disseminação do vírus e cuidados são necessários para a permanência das pessoas dentro desses ambiente.
“O exercício é de fato essencial. O organismo humano não foi feito para ficar parado. Ele não foi feito para ficar parado!
De acordo com Testa, existe por parte do órgão também um debate político para criação da Lei da Essencialidade do Exercício Físico nos municípios. O assunto é tratado no Parecer do Órgão Procurador do Conselho de Educação Física.
Segundo Testa, em Bocaina, um projeto que pede o reconhecimento das atividades físicas como essenciais já foi encaminhado ao diretor de Esportes Fausto Eduardo Ciotti.
A reportagem tentou, através de telefone, contato com Ciotti, para saber sobre o andamento do projeto mas as ligações não foram atendidas.
Em junho de 2020 um Projeto de Lei que pede a classificação da prática de exercícios físicos como atividade essencial para o cidadão foi apresentado na Assembleia Legislativa do Estado (ALESP).
De acordo com informações obtidas pela reportagem o projeto aguarda análise da Comissão de Constituição e Justiça.